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Revistas Edição 62



SUPERESTABILIZAÇÃO: MITO OU REALIDADE?
Fonte: Revista Pool-life Edição. 62
Publicado em 20/07/2003
 
*Jonas Gruber e Rosamaria Wu Chia Li
 
Introdução
 
Em artigo anterior, publicado nesta revista, apresentamos breve histórico sobre a desinfecção de águas por meio de vários agentes de cloração e os enormes benefícios sociais associados a essa prática, tais como a redução (e/ou extinção) dos casos de várias doenças transmissíveis pela água (cólera, tifo, etc.) e o consequente aumento da expectativa de vida. No mesmo artigo, mostramos também que a má interpretação de informações, muitas vezes veiculadas por instituições não científicas, visando exclusivamente interesses comerciais, pode levar a catástrofes como a ocorrida na América Latina em 1991, quando 1 milhão de pessoas desenvolveram a cólera (resultando em 10 mil mortes), após a proibição da cloração das águas de abastecimento pelo governo do Peru, preocupado com os níveis de trihalometanos (THMs) eventualmente presentes nas águas. 
 
Rumores, aparentemente criados por profissionais não ligadas à área acadêmica, contestando o uso de produtos denominados “cloro estabilizado” (ácidos dicloro-e tricloroisocianúrico), alegando que o uso de tais produtos levaria a piscina a uma superestabilização, condição na qual a eficácia da sanitização ficaria supostamente reduzida.
 
Considerando que esses produtos começaram a ser utilizados em piscinas na década de 1960 (mais de 40 anos de experiência acumulada) e são cada vez mais empregados no mundo inteiro, sendo sua produção mundial estimada em mais de 80.000 toneladas/ano, provavelmente devido à sua fácil e segura manipulação (são sólidos com elevado teor de cloro), achamos importante mostrar à comunidade de usuários de piscinas, de forma imparcial, os fatos mais importantes associados à sua utilização segura. 
 
 
ESTABILIZAÇÃO DO CLORO LIVRE PELO ÁCIDO ISOCIANÚRICO
 
Quando uma piscina contém um residual adequado de cloro livre (2 a 4 ppm), há o seguinte equilíbrio químico principal, cuja posição depende do pH:
 
 
A luz solar incidente sobre à terra contém grande quantidade de radiação eletromagnética na região espectral do ultravioleta (UV). Felizmente, boa parte dessa radiação é retida pela camada de ozônio presente na estratosfera, especialmente aquela com comprimento de onda inferior a 290 nm (nanômetros). Entretanto, radiações com comprimento de onda maior que 290 nm acabam atingindo a superfície da terra e são as responsáveis pela rápida decomposição dos ânions hipoclorito (ClO) em piscinas expostas à luz solar. Assim, estima-se que, aproximadamente, 90% do cloro adicionado às piscinas é perdido por decomposição fotoquímica, sendo somente 10% aproveitado para o processo de desinfecção.
 
A adição de ácido isocianúrico (H3Cy) à piscina permite estabilizar o cloro livre, diminuindo drasticamente as perdas acima citadas. Isto devido à reação reversível entre hipoclorito (e/ou ácido hipocloroso) e ácido isocianúrico, conduzindo a produtos de mono, di ou tricloração deste último, conforme ilustrado no esquema a seguir:
 
As espécies H2ClCy, HCl2Cy (“dicloro”) e Cl3Cy (“tricloro”) são fotoquimicamente bem mais estáveis do que hipoclorito (ClO), pois absorvem radiação UV justamente na região espectral bloqueada pela camada de ozônio (ao redor de 220 nm)3. Assim, a adição de ácido isocianúrico (25 – 50 ppm) a uma piscina tratada com hipoclorito permite estabilizar o “cloro livre”, mantendo residuais ótimos por períodos mais longos, garantindo processo mais uniforme e contínuo de desinfecção. É importante ressaltar que as reações representadas acima são todas reversíveis e rápidas, isto é, as espécies indicadas coexistem em equilíbrio químico dinâmico. Portanto, sempre quando ocorre uma demanda de cloro livre os equilíbrios se deslocam para a esquerda, liberando moléculas de ácido hipocloroso (HOCl) que, por sua vez, se mantêm em equilíbrio com ânions hipoclorito (vide Eq.01), garantindo a desinfecção da água. Concluindo: o ácido isocianúrico atua como um armazenador de “cloro livre”, isto é, HclO/ClO – em uma forma quimicamente estável à radiação UV incidente sobre a piscina, podendo regenerá-lo rapidamente quando a água sofre uma contaminação microbiológica (bactérias, vírus, etc.) ou mesmo química (urina, suor, etc.).
 
 
USO DE “DICLORO” OU “TRICLORO” COMO SANITIZANTES
 
Também a partir da década de 1960, passou-se a utilizar formas cloradas do ácido isocianúrico, como por exemplo “dicloro” (HCl2Cy) e “tricloro” (Cl3Cy) na sanitização de águas de piscinas expostas ao sol. A vantagem desses produtos é o fato de serem “cloros” estabilizados, isto é, conterem elevado teor de cloro (60 e 90%, respectivamente) e já se apresentarem ligados ao estabilizante, i.é, ao ácido isocianúrico.
 
Observando a equação 02 (Eq.02), poder-se-ia intuitivamente supor que a adição periódica de “dicloro” ou “tricloro” à água da piscina elevaria indefinidamente o teor de ácido isocianúrico, visto que o processo de desinfecção desloca os equilíbrios para a esquerda, consumindo HOCl, gerando e acumulando H3Cy. Alguns profissionais, por falta de experiência ou por má fé, chegaram a batizar este suposto acúmulo de “superestabilização”, associando a essa condição fictícia um poder de desinfecção reduzido, além de uma série de outros problemas, como, por exemplo a desestabilização do pH. Mas, afinal, por que na realidade não se observa um acúmulo exagerado de H3Cy?
 
O tratamento adequado de águas de uma piscina inclui, além da desinfecção, acerto de pH, alcalinidade total, dureza, etc., e a retro lavagem do filtro, a qual implica numa drenagem e reposição de parte da água da piscina. Há outros processos que culminam na eliminação de uma pequena parcela da água, como, por exemplo, transbordamentos devido a chuvas e ejeção e remoção de água pelos próprios usuários (splash-out e carry-out). É curioso mencionar que este último fator, embora nos pareça pouco significativo, foi estudado recentemente4 e estimado como sendo, em média, 80 litros por semana para uma família de quatro pessoas. Se imaginarmos que essa família possui uma pequena piscina de 20 m3 de capacidade, a renovação da água só por splash-out e carry-out seria de 0,4% por semana! Tipicamente, considerando os demais fatores acima mencionados, 2% da água de uma piscina devem ser renovados a cada semana, equivalendo a uma troca completa de toda a água da piscina após um ano (51 semanas).
 
Estudos feitos nessas condições estão descritos na literatura recente. Um cálculo feito, a título de exemplo, para uma piscina de 75 m3, contendo uma concentração inicial de ácido isocianúrico de 50 ppm, à qual se adicionam 400 g de tricloro por semana, mostra que a concentração de ácido isocianúrico só atingirá o valor máximo recomendável de 150 ppm após 10 anos! Como na prática, por um motivo ou outro, dificilmente uma piscina permanece uma década sem esvaziamento e troca completa de sua água, podemos considerar altamente improvável atingir-se esses níveis.
 
Já quanto à questão da redução da eficiência desinfetante do cloro livre pelo ácido isocianúrico, estudos recentes2 mostram que embora isso tenha sido notada in vitro, em águas de piscinas reais (estudos in vivo) não há diferença de eficiência entre cloro e cloroisocianuratos (dicloro ou tricloro). 
 
 
 
É importante ressaltar, também, que o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) é um fator que influência a qualidade global da água, e deve ser mantido normalmente abaixo de 1500 ppm, exceto em piscinas que contêm sal (geração eletroquímica de cloro), nas quais o valor limítrofe é ao redor de 1500 ppm mais o teor de cloreto de sódio adicionado. Muitas vezes, problemas decorrentes de um elevado teor de STD são erroneamente atribuídos à presença de cloroisocianuratos, que, na verdade, só contribuem com menos de 10% deste teor (máx. 150 ppm em 1500 ppm). A melhora nas condições da água observada após drenagem e substituição de parte dela se deve à consequente redução do teor de STD e não especificamente à diminuição da concentração de cloroisocianuratos.
 
Finalmente, não se deve esquecer que o sistema ácido isocianúrico/isocianurato é formado por um ácido orgânico fraco em equilíbrio com seu sal, o que caracteriza um sistema tampão de pH, isto é, opera sinergicamente com a alcalinidade total (sistema ácido carbônico/bicarbonato), ajudando a estabilizar o pH da piscina na faixa ideal entre 7,2 e 7,8.
 
 
 
CONCLUSÕES
 
Ácido isocianúrico pode ser usado com vantagens na estabilização do cloro adicionado a piscinas expostas à luz solar. A utilização de cloroisocianuratos (dicloro e tricloro) como agentes sanitizantes constitui-se em mais uma opção encontrada no mercado, cabendo a cada usuário avaliar a relação custo/benefício para seu caso específico. Porém, essa avaliação deve considerar fatores reais e não rumores fictícios. Assim, por exemplo, a superestabilização e os problemas a ela associados são altamente improváveis e não devem ser motivos de tormento para os usuários desses produtos, desde que sigam os passos básicos recomendados para o correto tratamento de água de piscinas5.
 
Procuramos neste artigo apresentar de forma clara as informações e opiniões mais recentes (2002) de especialistas japoneses e norte-americanos sobre a utilização desses produtos em piscinas residenciais ou públicas.
 
 
 
* Prof. Dr. Jonas Gruber é docente do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Rosamaria Wu Chia Li é Doutora em Ciências pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo.
 
 
Referências
1. J. Gruber. R. W. C. Li. e A. S. Santos. Revista da Piscina, 56. 15 - 19 (2001)
2. M. Tachikawa. C. Sayama. K. Saita. M. Tesuka e R. Sawamura. Water Research, 36. 2547 - 2554 (2002)
3. J. A. Wojtowicz, Journal of the Swimming Pool and Spa Industry. 4 (2) 9 - 16 (2002)
4. J. A. Wojtowicz, Journal of the Swimming Pool and Spa Industry. 4 (2) 17 - 22 (2002)
5. Guia Completo para tratamento de piscinas residencias. Genco Química Industrial Ltda. 1ª Edição Novembro 2000
 

 






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