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Revistas Edição 89

Piscina e Saúde


Fisioterapia aquática para melhorar a saúde
Os benefícios da água são conhecidos desde a antiguidade e cada vez mais estudos comprovam sua eficácia
 
 
Povos antigos utilizavam a água de forma mística para cura e equilíbrio espiritual bem antes da era cristã. A civilização grega foi a primeira a reconhecer que banhos de imersão poderiam beneficiar a saúde (por volta de 500 a.C. a 300 a.C) e, por isso, criaram centros de atendimento próximos a nascentes e rios. O grego Hipócrates – conhecido como pai da Medicina – usava a imersão em água quente e fria para tratar diferentes enfermidades, incluindo doenças reumáticas, espasmos musculares, icterícia e paralisia. Não à toa, a origem da palavra hidroterapia vem do grego hydro (hydor, hydatos), que significa água; e therapeia, que quer dizer tratamento. 
 
Ao longo dos séculos, a terapia na água foi ganhando cada vez mais comprovações e adeptos e, até hoje, se configura como uma excelente opção para ajudar na reabilitação física de problemas que envolvem disfunções ortopédicas, neurológicas, respiratórias e vasculares, além de ser indicada nos pré e pós-operatórios de diversas patologias. A fisioterapia aquática é a união dos exercícios aquáticos com a terapia física em temperatura que varia de 32ºC a 34ºC, e pode ser aplicada nas áreas de Neuro­logia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia (gestante), Ortope­dia/Traumatologia, Reumatologia, Cardiologia, Pneumologia e na Fisioterapia ­Esportiva. 
 
 
A fisioterapeuta Márcia Cristina Bauer Cunha, professora doutora titular e coordenadora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina ABC), afirma que existem comprovações sobre os efeitos fisiológicos da imersão nos sistemas cardiovascular, respiratório e renal, além do sistema nervoso central e periférico. “Nosso primeiro contato com a água é intrauterino, depois no banho, e se torna um meio lúdico por toda a vida, pois há estimulação sensorial quando a água entra em contato com a pele e estimula as terminações nervosas”, ressalta.  
 
A fisioterapia aquática utiliza os princípios físicos de diminuição do peso corpóreo e de compressão articular e muscular pelas pressões físicas da água para trazer o conforto necessário ao paciente. Segundo o fisioterapeuta sênior do Hospital Israelita Albert Einstein, Fábio Jakaitis, coordenador da pós-graduação em Fisioterapia Aquática do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, dentre todos os efeitos terapêuticos que a água proporciona, o primeiro é a analgesia para diminuição da dor. Além disso, a imersão em água leva ao relaxamento muscular – muito importante no tratamento de pacientes neurológicos, que têm rigidez muscular –, e à melhora da mobilidade e da flexibilidade dos tecidos. “São muitos os efeitos terapêuticos que a água promove. Falamos muito de água quente, mas, mesmo a água fria diminui a dor. A dor é um dos primeiros efeitos que a terapia aquática vai amenizar”, acentua. 
 
O professor acrescenta que também existem muitos protocolos de fisioterapia aquática para pacientes com problemas ortopé­dicos, para condicionamento cardiopulmonar de atletas e, mais recentemente, para melhorar a chamada ‘síndrome pós-­Covid’, com sintomas como cansaço excessivo, dor muscular, tosse, dificuldade de pensamento e/ou sensação de falta de ar, com resultados excelentes. “O mais importante é fazer o paciente melhorar aquela dor crônica, de anos, que tira sua qualidade de vida; auxiliar um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) a começar a falar novamente; ou ajudar um indivíduo que tem dificuldade motora a voltar a se movimentar, entre tantos outros benefícios desta prática”, argumenta o fisioterapeuta. 
 
 
Contraindicações
 
Como em qualquer tratamento, na fisioterapia aquática também há algumas contraindicações, e a febre é uma delas. “Isso porque o ganho do calor pela água, associado ao aumento do metabolismo (atividade física), poderá aumentar a temperatura corpórea”, explica a professora Márcia Cristina Bauer Cunha. Na presença de micoses e infecções genitais, insuficiência cardíaca, hidrofobia mórbida, hipertensão não controlada ou hipotensão, feridas abertas ou não cicatrizadas, disfunções urinárias e intestinais, a técnica também não é indicada. O mesmo vale para pacientes psiquiátricos sem controle e indivíduos com capacidade vital inferior a 50%.
 
 
 

 

Prematuros também são beneficiados

 
Pesquisadores têm investigado se a fisioterapia aquática também poderia beneficiar recém-nascidos prematuros para aliviar a dor, fortalecer a musculatura e melhorar o sono. Um desses estudos, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e publicado em 2017, mostrou benefícios e comprovou que, quando submetidos à hidroterapia, os bebês prematuros apresentam maior ganho de peso e frequência cardíaca mais baixa. A terapia foi testada em 30 recém-nascidos prematuros. Os bebês foram colocados em um balde com água aquecida até as clavículas, durante 10 minutos, em duas sessões em dias alternados. Os pesquisadores concluíram que a hidroterapia em balde com água aquecida foi segura e pode ter promovido melhor funcionamento comportamental nos prematuros.
 
Em outra pesquisa, de 2015, realizada na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), os recém-nascidos submetidos à hidroterapia registraram níveis de cortisol (o hormônio do estresse) significativamente diminuído. O trabalho avaliou o impacto da hidroterapia em 10 recém-nascidos internados na unidade de cuidados intermediários, com tempo de vida maior que 72 horas, estáveis clinicamente e submetidos à hidroterapia por um período de 10 minutos. Segundo os autores, os resultados sugerem que a hidroterapia pode ser indicada como um método complementar no manejo da dor e do estresse em recém-nas­cidos hospitalizados.
 
Outro estudo, desenvolvido no Complexo Neonatal Albert Schweitzer (HMAS), no Rio de Janeiro, avaliou os efeitos fisiológicos da terapia aquática em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascimento. Sete bebês foram submetidos a 30 sessões de terapia aquática com uso de balde Tummy Tub, com água em temperatura entre 36oC e 36,5°C, com profundidade suficiente para cobrir os ombros. O resultado também mostrou que os recém-nascidos submetidos à terapia aquática foram beneficiados com os efeitos relaxantes da água. 
 
 
 
Vantagens da terapia na água
 
A professora Márcia Cristina Bauer Cunha explica como a fisioterapia na água beneficia pacientes com diferentes enfermidades, com destaque para os efeitos benéficos nos sistemas cardiovascular, respiratório, renal e nervoso. 
 
Efeitos fisiológicos da imersão no sistema cardiovascular 
 
Após a imersão, como consequência da ação da pressão hidrostática, 700ml de sangue são redistribuídos dos membros inferiores para a região do tórax. Essa redistribuição causa aumento do retorno venoso para o coração. Após alguns minutos da saída da piscina, tudo retorna ao normal.
 
Efeitos fisiológicos da imersão no sistema respiratório 
 
Durante a respiração ocorre a contração do músculo diafragma e dos intercostais, com consequente expansão da cavidade torácica e diminuição interna da pressão. Na imersão, a cavidade torácica está sujeita à pressão hidrostática de aproximadamente 20cm de água, oferecendo maior resistência à expansão do que no ar. O centro diafragmático desloca-se cranialmente, aumentando a pressão intratorácica. Estas alterações, por sua vez, aumentam o trabalho respiratório em 60%.
 
Efeitos fisiológicos da imersão no sistema renal 
 
Há aumento da diurese (excreção aumentada de urina); natriurese (excreção aumentada de sódio) e potassiurese (potássio).  
 
Efeitos fisiológicos da imersão no sistema nervoso central e periférico 
 
    • A resposta ao relaxamento é supostamente uma resposta hipotalâmica integrada, que resulta em uma diminuição generalizada da atividade do sistema nervoso simpático e aumento da atividade parassimpática.
    • Relaxamento é o efeito que a imersão em água tem sobre a percepção da dor.
    • A água aquecida promove relaxamento e redução do tensionamento muscular. 
    • Há um grande estímulo sensorial impulsionado através das fibras que são mais largas e mais rápidas e têm uma maior condutividade que as fibras da dor; como resultado, a percepção da dor do paciente fica ‘enganada’ou bloqueada.
 
 
 
Fala doutor!
Por Fábio Jakaitis 
 
 
 
Quais são as indicações mais comuns para a terapia aquática?
É muito forte na Neurologia, nesses pacientes com paralisia cerebral, AVC e traumatismo craniano. Na parte ortopédica é muito bem utilizada, e na reabilitação de problemas de coluna também funciona muito bem. Trabalho com protocolos de reabilitação de coluna cervical e lombar e, com 10 a 15 sessões, o problema do paciente fica bem menor. 
 
A hidroterapia seria indicada para todo tipo de paciente, da criança ao idoso?
Sim, não tem patologia que se trate em solo que não se trate na água. Exceto pacientes que estão com alguma doença infectocontagiosa, qualquer outro pode ser beneficiado com a terapia na água. No hospital, atendo até pacientes no ventilador e pacientes entubados na piscina, com muitos benefícios. 
 
Os idosos poderiam ser muito beneficiados com esse tipo de terapia?
Sim. É muito comum vermos os educadores físicos fazendo hidroginástica com idosos. Eles respondem muito bem a essa prática, e com a terapia aquática é da mesma forma, só que mudando para um foco mais ­terapêutico.
 
O que a terapia aquática e a hidroginástica têm em comum?
São duas áreas diferentes. Para começar, a hidroginástica é feita por educador físico e a terapia aquática é ministrada por fisioterapeuta. Enquanto o educador físico promove exercícios preventivos e trabalha com indivíduos mais saudáveis, a fisioterapia aquática trabalha com foco terapêutico diretamente na casuística do problema. Tratamos a patologia e o educador vai trabalhar, de forma holística, do condicionamento e do fortalecimento. Assim, podemos tratar o paciente com alguma alteração de forma terapêutica e, quando estiver bem, encaminhar para uma atividade física na piscina, porque são áreas diferentes, embora estejamos utilizando o mesmo meio. 
 
Como gestantes podem ser bene­ficiadas com fisioterapia aquática?
Por exemplo, sabemos que a gestante vai apresentar, ao longo da gestação, dores lombares devido à mudança da biomecânica e da postura. Assim, podemos trabalhar na fisioterapia aquática com o alicerce do fortalecimento desse grupo muscular de forma preventiva. Também podemos trabalhar e preparar a musculatura para um parto normal, organizando a musculatura da paciente para ir para um parto normal com mais eficácia de força. Lógico que muitas gestantes chegam com dores lombares, e tratamos isso também.
 
Como os pacientes com síndrome pós-Covid são beneficiados?
Muitos pacientes têm apresentado falta de condicionamento cardiopulmonar, outros ficaram muito tempo entubados e apresentam falência muscular cardiopulmonar, e alguns já vêm associados a miocardites e fibroses pulmonares. Além disso, trabalhamos fortalecimento, porque alguns pacientes perderam muita musculatura, e na questão neurológica, pois alguns chegam com neuropatias periféricas. Os efeitos têm sido benéficos em todos os casos e já existem alguns trabalhos publicados começando a mostrar a importância da terapia aquática para esse tipo de paciente.
 
Para ser submetido à prática precisa de encaminhamento médico?
A pessoa pode ir direto procurar um fisioterapeuta. O problema é que alguns convê­nios que cobrem a terapia solicitam o pedido médico. 
 
Na terapia aquática, o paciente é atendido individualmente?
Existem serviços que trabalham com mais de um paciente na piscina, mas, em geral, com menor população o fisioterapeuta consegue dar uma atenção melhor para o paciente. Não digo que, se atender dois ou três pacientes, não tenha qualidade. O que não dá para fazer é colocar muitos pacientes na piscina com um único terapeuta. 
 
Quais orientações o senhor daria a pessoas que tenham interesse de fazer uma terapia aquática?
A primeira atitude deve ser procurar um fisioterapeuta que trabalhe com terapia aquática para tirar dúvidas e ver a necessidade real de começar o tratamento. Uma dica é procurar um fisioterapeuta que trabalhe na área e fazer uma sessão para saber como vai ficar em uma terapia aquática.
 
É preciso saber nadar para ser submetido à prática?
Não, porque não tem imersão da cabeça. Às vezes, recebemos pacientes que têm pânico de piscina e fazemos uma adaptação desse indivíduo em relação à terapia para, depois, começar o tratamento. Mas ninguém precisa nadar.
 
Quanto tempo é necessário para atingir resultados?
Depende da enfermidade. Se for uma doença mais aguda é possível tratar rápido; se for algo crônico vai demorar um pouco mais. 
 
Quantas vezes por semana a terapia deve ser feita?
O ideal é de duas a três vezes por semana, mas também vai depender muito da patologia que o ­paciente apresenta.
 
 
Um pouco de história!
    • Gregos e romanos desenvolveram centros de banho utilizando águas termais dando origem aos banhos romanos: ­caldarium (quente), tepidarium (morno) e frigidarium (frio).
    • O uso da água como forma terapêutica data de 2400 a.C. pela cultura proto-­indiana. Anteriormente, os egípcios, assírios e muçulmanos já a usavam como forma curativa. 
    • Os hindus, em 1500 a.C., usavam a água para combater a febre. As civilizações japonesas e chinesas antigas faziam ­culto/adoração para a água corrente e banhos de imersão por longos períodos. 
    • Homero mencionou o uso da água como tratamento para fadiga, cura de ­doenças e melancolia. 
    • Na Inglaterra eram usadas as águas de Bath, anteriormente a 800 a.C., também com propostas curativas. 
    • No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, em 1922. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa era banhada pelo mar, os pacientes faziam banhos salgados, aspirados do mar, e banhos doces, com a água da cidade.
 
 
Fonte: Prof. Dra. Márcia Cristina Bauer Cunha
 

EDIÇÃO 89 - OUTONO/INVERNO - MARÇO/2022







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