ACADEMIAS REABREM COM REGRAS RÍGIDAS

Revistas Edição 85

ACADEMIAS REABREM COM REGRAS RÍGIDAS

Reorganizar os espaços, diminuindo o número de equipamentos para aumentar o distanciamento, é uma das medidas eficazes nesses ambientes

De acordo com o relatório da IHRSA Global Report 2019, o Brasil tem 34.509 academias e é o segundo maior mercado do mundo na categoria. Consideradas locais onde se tem grande chance de contato com superfícies contaminadas pelo novo coronavírus, as academias foram totalmente fechadas em meados de março e somente em julho começaram a reabrir em várias partes do Brasil, mas com algumas regras rígidas definidas pela Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil). As medidas foram tomadas seguindo orientações e informações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, e também tiveram como base as experiências de China, Hong Kong, Singapura e União Europeia, regiões onde o pico da pandemia já passou e o processo de retomada das academias está sendo realizado com segurança.

A orientação consiste, basicamente, em diminuir a capacidade máxima e o tempo de funcionamento para evitar o risco de transmissão do novo coronavírus. Também é importante fazer uma triagem dos frequentadores, avaliando se têm sintomas respiratórios e, em caso positivo, não permitir que entrem para treinar. Outro ponto importante é reforçar a higiene ambiental, aumentar a frequência dos funcionários da limpeza que fazem essa higienização e disponibilizar solução alcoólica para que os próprios usuários façam a limpeza dos equipamentos, antes e depois do treino.

Outra sugestão é que todos os funcionários devem, diariamente, ser submetidos à triagem rápida com o objetivo de identificar possíveis casos suspeitos e efetivar medidas de prevenção e controle em tempo oportuno, por exemplo, com questionamentos sobre sintomas de síndrome gripal e medição da temperatura. Para fins de registro em eventual fiscalização, recomenda-se manter informações em meio eletrônico ou físico de pessoas cujas medições acusaram febre, com nome do funcionário, data e temperatura.

Antes do acesso às dependências do estabelecimento, todos os usuários deverão ter a temperatura monitorada por meio de termômetros de aproximação, que ajudam a fazer a triagem para evitar que alguém com febre entre no local. Indivíduos que apresentarem febre, ainda que leve (acima de 37,8°), devem ser considerados suspeitos de portarem covid-19, por isso, precisam ser afastados de todas as atividades e instruídos a permanecer em isolamento e procurar assistência médica. Quem teve contato pessoal no mesmo ambiente com suspeitos de covid-19 também deve ser afastado para monitorização e acompanhamento, ainda que não apresente sintomas.

Atividades coletivas devem ser realizadas com metodologias e dinâmicas que não proporcionem contato físico e respeitem o distanciamento de 1 cliente a cada 6,25 m² (áreas de treino, piscina e vestiário). O protocolo também exige que seja sempre assegurada a distância mínima de 2 metros entre os usuários para atividades individualizadas. A piscina tem de ser dividida por raias, de acordo com o nível de aprendizagem de cada turma, e o professor pode usar todas as extremidades (bordas e raias) da "sala de aula" para que os alunos fiquem sempre a uma distância de 2 metros entre eles. Outra recomendação é reduzir o número de alunos na piscina e diminuir a duração das aulas, com pausa de pelo menos 30 minutos entre uma aula e outra para desinfetar o ambiente. A cartilha da ACAD Brasil com todas as orientações está disponível no https://www.acadbrasil.com.br/.

FIQUE LIGADO!

• A entrada e circulação nas dependências da academia só devem ser permitidas com uso de máscaras;

• Deve ser delimitado, com uma fita, a área ou o espaço em que cada usuário pode se exercitar;

• As áreas que não puderem ter distanciamento social – como banheiras e saunas – devem permanecer fechadas;

• Quem for para a academia deve ter duas ou três máscaras para trocar, porque a umidade impede a função de barreira do novo coronavírus;

• Os alunos só podem deixar de usar a máscara quando estiverem em sua área delimitada durante a prática do exercício físico, estando distantes ao menos 2 metros de outras pessoas;

• Orientadores, professores e personal trainers precisam ficar de máscara durante todo o tempo de atendimento;

• Não pode haver aglomeração em nenhum lugar, inclusive na entrada;

• O limite de ocupação é de 1 pessoa para cada 4 metros quadrados. Em razão disso, é recomendável adotar sistemas de agendamento on-line para acesso à academia.

COM A PALAVRA GUSTAVO BORGES

PRESIDENTE DA ACAD BRASIL

São muitos os cuidados previstos. Nenhum outro setor tem esse nível de exigência para retornar as atividades

Qual é a maneira mais segura de as academias reabrirem suas instalações, especialmente as piscinas?

A forma mais segura para a reabertura é seguir à risca o protocolo produzido pela ACAD, pois nele estão orientações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil. É preciso também que cada academia observe os decretos regionais de seu Estado e Município, pois estes têm prevalência sobre qualquer documento da Associação, uma vez que são documentos oficiais.

Quais são as orientações da ACAD Brasil para que os usuários utilizem esses espaços com segurança?

Elaboramos uma cartilha para as academias com orientações para as áreas secas e piscinas. Também há um vídeo explicativo sobre natação e hidroginástica. É importante que os profissionais de academia conheçam o conteúdo do material e apliquem no dia a dia.

Quais são os riscos e locais de contágio mais importantes nesses ambientes e como podem ser minimizados?

Não existem estudos que comprovem que há riscos de contaminação em quaisquer áreas dentro das academias. De toda forma, vestiários não serão usados da maneira comum, as aulas coletivas terão número limite de alunos e as áreas de musculação serão reajustadas, de forma que os equipamentos obedeçam a um maior distanciamento.

Quais devem ser os cuidados por parte de professores e instrutores?

Os empresários à frente das academias deverão treinar suas equipes quanto aos protocolos de reabertura, e conscientizá-las de que o sucesso da retomada das atividades e da segurança de todos depende também de que cada colaborador assuma o compromisso de seguir as recomendações, como uso de máscara, higienização constante e monitoramento da temperatura corporal. É papel de toda a equipe auxiliar os alunos para que cumpram todas as orientações do protocolo, contribuindo para gerar um clima de confiança para todos.

Qual é a responsabilidade dos usuários para evitar o contágio nesses espaços coletivos?

Seguir todas as orientações do protocolo. Neste momento, cada um de nós é responsável por atitudes e comportamentos. Devemos estar atentos às regras de distanciamento social e de convívio seguro. E, claro, isso vale também para os clientes das academias.

As crianças demandam cuidados especiais ao usarem as piscinas?

É preciso que haja responsáveis adultos pelas crianças, pois, para elas é sempre mais difícil cumprir regras – ainda mais essas, que são novidade para todos e não estão internalizadas como rotina para o dia a dia. A verdade é que, em muitas academias que já experimentaram a fase de reabertura (Santa Catarina e Porto Alegre, por exemplo), as crianças não fazem parte do público que já voltou a frequentar esses espaços.

Academias, de forma geral, são ambientes considerados seguros em relação à covid-19?

Se seguirem os rigorosos protocolos estabelecidos nos decretos já publicados pela maioria dos estados e municípios brasileiros é provável que esses ambientes passem a ser uns dos mais seguros para se estar em meio à pandemia. São muitos os cuidados previstos. Nenhum outro setor tem esse nível de exigência para retomar as atividades. É curioso que as pessoas ainda tenham receio de voltar a treinar, mas estejam aglomeradas em bares e shoppings.

Revista da Piscina - Agosto 2020